terça-feira, 21 de agosto de 2012



Escravidão: uma forma de trabalho predominante na História do Brasil. 

OS AFRICANOS LUTARAM CONTRA O FIM DA ESCRAVIDÃO

Se já estavam ricos com a venda de escravos aos árabes, os reinos africanos lucraram muito mais com o comércio pela costa do oceano Atlântico. Trocando pessoas por armas, o reino de Axante [ou Ashanti] expandiu seu território. O rei Osei Kwame (1777 -1801), graças aos escravos que vendia, tinha palácios luxuosos, além de estradas bem aparadas que ligavam as cidades de seu império centralizado.
Outro exemplo bem documentado é o reino do Daomé, atual Benin (um país estreito entre Toga e Nigéria). No século 18, havia por lá um Estado com burocracia militar, estradas, pontes vigiadas por guardas e cidades com 28 mil pessoas.


        OS PRÓPRIOS AFRICANOS LIDERAVAM O TRÁFICO

Nessa região e em muitos outros reinos, eram os próprios africanos que operavam o comércio de escravos. A “dominação européia” se restringia a um forte no litoral, de onde os europeus só podiam sair com a autorização dos funcionários estatais. Quando viajavam, eram sempre acompanhados por guardas. O rei controlava o preço dos escravos e podia, de repente, mandar todos os europeus embora, fechando o país para o comércio estrangeiro. Também podia dar uma surra no branco que o irritasse. Foi isso que fez, em 1801, o rei Adandozan com Manoel Bastos Varela, diretor do forte português em Ajudá. Mandou embarcar o diretor «nu e amarrado» para o Brasil.

Africanos tinham escravos brancos,… que pediam socorro!

Para se comunicar com os portugueses, o rei do Daomé usava algum escravo português que tinha entre seu séquito. Eram geralmente marujos que acabavam capturados quando o Daomé atacava os vizinhos. Se Portugal não se interessava em pagar resgate para libertá-los, eles continuavam servindo ao rei africano. Trabalhando de intérpretes e escrivães, esses escravos brancos aproveitavam, nas cartas que escreviam a mando do líder negro, para incluir mensagens secretas de socorro. Como ninguém além deles falava português, não corriam o risco de ter a mensagem flagrada. Numa carta do rei Adandozan de 1804, o escrivão “branco” Inocêncio Marques de Santana incluiu um pequeno recado, uma espécie de «me tira daqui pelo amor de Deus» a dom João: «Eu, escrivão deste Cruel Rei, que aqui me acho há 23 anos fora dos portugueses, Vossa Magnificência queira perdoar meu grande atrevimento», escreveu Inocêncio, avisando sobre «como tratam os pobres portugueses nesta terra».
Créditos e o livro a ler: Este post é parte do capítulo «Agradeçam aos Ingleses», do livro «Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil», da autoria de Leandro Narloch (Leya/Textos Editores Ltda.). Inseri subtítulos no texto para incentivar e facilitar a leitura.